(Post atualizado em 13/09/2021)
Outro dia, na minha ronda pelo LinkedIn, vi um dos escritores mais influentes da plataforma comparando “profissionais e amadores”. Embora eu tenha entendido a intenção, mostrar que são duas posturas diferentes no ambiente de trabalho, ele pecou na abordagem, diminuindo o papel do “amador” e supervalorizando o papel do “profissional”.
Eu gostaria de discordar desse ponto de vista. Porque é injusto colocar a pessoa amadora como “ruim de serviço” e a profissional como “boa de serviço”. Para mim, a grosso modo, a diferença fundamental entre os dois tipo é se a atividade em questão é a fonte de renda da pessoa. Apenas.
Eu gosto muito da definição de “Amador” dada pelo escritor e artista Austin Kleon:
“Amadores são pessoas normais que ficam obsessivas a respeito de uma coisa e passam um tempão pensando alto sobre isso… O entusiasmo ‘cru’ é contagioso.”
Eu sou fotógrafo amador. Amo fotografia, pesquiso câmeras, técnicas, sites sobre o assunto. E muitas vezes empreguei mais paixão e dedicação ao assunto do que para algumas coisas profissionais.
O Marcos, por exemplo, é corredor amador. Estuda, se prepara, tem uma abordagem tática e técnica sobre a corrida. O fato dele não ser remunerado por isso não o desqualifica como um corredor. (Aliás, leia esse textaço da Aline Rabelo, corredora e escritora amadora, sobre corridas e preparação mental)
Ah, e como desqualificar o trabalho extraordinário feito pelos radioamadores durante o Furacão Harvey nos Estados Unidos?
Existem algumas outras coisas que eu gostaria de destacar:
Os amadores não têm medo de compartilhar seu aprendizado
Já percebeu os inúmeros sites e vídeos no estilo “Faça você mesmo”? As pessoas estão compartilhando o conteúdo como se todos nós fôssemos colegas na mesma sala.
A paixão por um mesmo assunto faz com que os amadores não tenham medo de compartilhar o que aprenderam, na esperança de receber mais aprendizado de volta.
O amador nunca dá nada por garantido
No espírito amador, a exploração é uma constante. Quais os novos limites a serem descobertos, quais as novas perguntas devem ser feitas? E se por um acaso, ela descobriu tudo sobre um assunto, qual é o próximo. O que vem depois?
Em nosso cotidiano, manter esse espírito é importante. Nos dá margem para achar novas soluções para problemas antigos e, porque não, novos problemas para serem solucionados também.
Abrace o desconhecido!
Finalmente, como diz Austin Kleon, “nosso dia a dia tem mudado em uma velocidade espantosa, e até para os profissionais, a única maneira de florescermos é mantendo o espírito dos amadores e abraçando as incertezas e o desconhecido.”
De certa forma, o espírito explorador dos amadores seja uma boa resposta para o mundo complexo que vivemos. Abraçar o desconhecido, explorar possibilidades, compartilhar perguntas e respostas com outras pessoas. Além da aprendizagem, tudo isso nos ajuda também no desenvolvimento de habilidades importantes para os tempos atuais: comunicação, criatividade, colaboração.
Vamos colocar o espírito amador para funcionar?
Natalia Menhem
Ainda adicionaria algo: pessoas amadoras, por serem amadoras, muitas vezes encaram o “não saber” de forma mais leve, tornando o aprendizado mais fácil e o erro parte óbvia do processo.